sábado, 3 de janeiro de 2009

Ainda que seja só a minha rua

Lembro-me da minha rua crescer,

Mas não me lembro do meu crescer.

Não tinha tempo.

Enquanto a minha rua crescia

Eu via apenas o novo que havia

E queria a sua vida.

Nem tive eu tempo p’ra minha.


Hoje desci à minha rua meus olhos

E lembrei-me do entardecer, demorado

Em Estios, e quando me invadiam choros.

E pensei que chorei tudo em criança

E chorei como chorava de infância.


Os filhos que nesta rua

Acordavam com o Sol nascer,

Hoje nem sequer passam nela

Seus olhos, ignorando a raíz do seu saber.


Mas hoje, aquando o chorar,

Disse a mim mesmo:

Nasci, cresci, vivi...

E mais vos digo:

Eu ainda hei-de morrer nesta rua.


Setembro, 2007

6 comentários:

  1. como antes disse, é vónito

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  2. Gosto, tenho que admitir que não sou amante de poesia, mas talvez isto me faça mudar de ideias.. =D


    Bella...

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  3. Gostei.
    Obrigada pela tua visita!
    Bjs

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  4. Concerteza de que não há nada mais grato que as doces recordações da nossa meninice, e nada absolutamente mais comovente do que o retorno ás nossas raizes. São essas memórias vagas, indelevelmente apagadas pelo caminhar do tempo, dolorosas ou saudosas, que expõem o bom ou mau caracter que nos faz ser, hoje. Muitas felicidades.

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  5. Este poema está fantástico.
    Gostava de o postar no meu blog. Posso?
    Abraço

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  6. já está... anda daí ver e segue o conselho da Ki :)
    Excelente poema.
    Obrigada

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