Lembro-me da minha rua crescer,
Mas não me lembro do meu crescer.
Não tinha tempo.
Enquanto a minha rua crescia
Eu via apenas o novo que havia
E queria a sua vida.
Nem tive eu tempo p’ra minha.
Hoje desci à minha rua meus olhos
E lembrei-me do entardecer, demorado
Em Estios, e quando me invadiam choros.
E pensei que chorei tudo em criança
E chorei como chorava de infância.
Os filhos que nesta rua
Acordavam com o Sol nascer,
Hoje nem sequer passam nela
Seus olhos, ignorando a raíz do seu saber.
Mas hoje, aquando o chorar,
Disse a mim mesmo:
Nasci, cresci, vivi...
E mais vos digo:
Eu ainda hei-de morrer nesta rua.
Setembro, 2007