sábado, 3 de janeiro de 2009

Ainda que seja só a minha rua

Lembro-me da minha rua crescer,

Mas não me lembro do meu crescer.

Não tinha tempo.

Enquanto a minha rua crescia

Eu via apenas o novo que havia

E queria a sua vida.

Nem tive eu tempo p’ra minha.


Hoje desci à minha rua meus olhos

E lembrei-me do entardecer, demorado

Em Estios, e quando me invadiam choros.

E pensei que chorei tudo em criança

E chorei como chorava de infância.


Os filhos que nesta rua

Acordavam com o Sol nascer,

Hoje nem sequer passam nela

Seus olhos, ignorando a raíz do seu saber.


Mas hoje, aquando o chorar,

Disse a mim mesmo:

Nasci, cresci, vivi...

E mais vos digo:

Eu ainda hei-de morrer nesta rua.


Setembro, 2007